sábado, 25 de dezembro de 2010

O DIA EM QUE O “RESPEITINHO” FOI MANDADO “ÀS MALVAS”

Coisa rara em Portugal: Cavaco confrontado olhos nos olhos

Os debates (seria melhor chamar-lhes “mini-debates”, dada a limitação a… 30 minutos de duração – condição imposta pela entourage de Cavaco Silva para aceitar participar…) para o acto eleitoral que a 23 de Janeiro próximo servirá para escolhermos o novo Presidente da República, vinham-se desenrolando sem grande chama, bem à medida dos desígnios do actual P.R. e recandidato, para o qual não seria necessária qualquer campanha oficial, dado o palco presidencial de que tem usado e abusado para a auto-promoção da sua imagem e da sua acção.

Apesar disso reconheça-se que, em se tratando de Cavaco Silva, a falta de substância das suas ideias é tanta, a baixa cultura democrática é tamanha, a inabilidade política do político profissional com mais tempo em cargos públicos no pós-25 de Abril (!) é tão gritante, que até o debate com dois “desconhecidos” foi problemático…

Primeiro fora Francisco Lopes, o candidato do PCP a incomodar Cavaco e a fazê-lo perder a compostura, o que é habitual suceder de cada vez que Cavaco se vê confrontado por alguém que não lhe dê o seu ámen. O que sucede muito raramente entre nós, que cultivamos aquele “respeitinho” reverencial – bem definidor da pior parolice saloia nacional - pelo ocupante da cadeira de Belém… Pois foi esse “respeitinho” parolo, que Defensor de Moura, candidato sem apoio de qualquer partido, mandou declaradamente às malvas, no último debate, encostando Cavaco às cordas do desespero, não conseguindo melhor do que alguns “a isso não respondo”, perante as acusações objectivas que Defensor de Moura ia enunciando…

A seguir ao debate, uma ronda pelos 3 canais noticiosos, permitiam ver os comentadores de direita tão nervosos quanto Cavaco ficara, a tentarem desvalorizar e menorizar o challenger da noite… Mas o que fez afinal Defensor de Moura? Apenas foi objectivo e enumerou uma série de casos concretos pedindo explicações a Cavaco…

Foi confrangedor ver alguém que apregoa aos 7 ventos a sua experiência de professor de finanças, logo aos 3 minutos de debate a confundir (ou estaria apenas a querer confundir-nos?...) Parcerias Público Privadas (aquilo que efectivamente Defensor de Moura o acusara muito justamente, de ser pioneiro entre nós), com… SCUT’s! Para alguém tão experiente e sapiente, é preocupante e revelador do estado de espírito com que Cavaco fica quando é posto “em xeque”!

Daí até ao final, o nervosismo e a arrogância de Cavaco soltaram-se por completo, a fazer lembrar o antigo 1º ministro que muita gente parece já ter esquecido…

A má criação do candidato Cavaco levou-o mesmo a mimosear o seu opositor com insinuações como: "para ser mais honesto do que eu tem de nascer duas vezes”, para mais tarde atirar que “não se é candidato a P.R. só porque lhe vem à cabeça, porque se quer ser, porque se dizem umas larachas, umas tretas, umas palavras aqui ou acolá” e culminar já no auge do seu desespero, com o dichote rasca ,quando citava Jacques Delors “um socialista respeitado, não é como alguns daqui”… foi de facto o regresso do pior Cavaquismo de sempre: arrogante, rasca e ordinário.

Cavaco iludiu as questões mais incómodas:

  • “Esqueceu-se” por exemplo, de que uma das principais críticas que lhe é dirigida no caso BPN, prende-se com a cobertura exagerada que deu ao conselheiro de Estado Dias Loureiro, não o demitindo de imediato logo que se soube do seu envolvimento e até que o mesmo fosse esclarecido. Isto nada tem que ver com a “vida profissional de pessoas que estiveram no governo” com ele…

  • Fugiu a esclarecer como se processou a compra e venda de acções da SLN, não cotadas no mercado oficial e cujas respectivas cotações foram decididas por… Oliveira Costa e permitiram ao casal Cavaco e à respectiva filha embolsar um lucro chorudo (de 140%!!!) num espaço de poucos meses… Isto, é um bocadinho mais do que “colocarem as suas poupanças nos bancos e dizerem-lhes apliquem-nas o melhor possível”. E não chega mandar ir “consultar tudo ao tribunal constitucional”, nem “às Finanças”… bastava explicar como se processou o negócio e isso, Cavaco foi incapaz de fazer! Como só teme, quem deve… Cavaco legitimou que possamos ter sobre ele, nesta matéria, todas as dúvidas.

Foi patético ouvir Cavaco a tentar fazer esquecer as palavras de Defensor de Moura, proclamando - sem se rir, o que não deixa de ser notável - que “serei, como sempre fui, um presidente isento e imparcial em relação a todas as forças partidárias” (!!! Se não ouviu, caro leitor, acredite que é verdade! Confira no vídeo abaixo, por volta do minuto 20…) e continuou:  “um presidente que nunca entrou em nenhuma jogada político-partidária” (!!! Temos tanto para esquecer sobre estes 5 últimos anos…)

Duas notas finais:

  • Uma, para lamentar que esta dificuldade em sentir-se contraditado em público não tenha levado Cavaco a reagir quando o seu correligionário ideológico polaco, humilhou Portugal por duas vezes na recente visita presidencial, perante a falta de reacção adequada de Cavaco Silva!

  • Outra, para assinalar que Defensor de Moura e Francisco Lopes pouparam a Cavaco, qualquer referência acerca do episódio das “escutas a Belém” e das respectivas tentativas de colocação de notícias falsas no jornal Público. Espero que Manuel alegre não deixe também passar em claro este exemplo de “isenção” do P.R. Cavaco Silva.

Deixo o vídeo integral do debate, aquele que até hoje levou mais tempo a ficar disponível no site da SIC… Apenas constato este facto, eximindo-me a comentá-lo, de tão óbvia que me parece a interpretação do mesmo.






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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

NEGÓCIOS PRIVADOS, PÚBLICOS… DINHEIROS

E eis o Bloco do Centro Democrático, Comunista e Social…



A propósito de um lucrativo negócio que tem florescido durante 30 décadas, às custas dos contribuintes nacionais, Daniel Oliveira publicou no Expresso online, um interessante artigo que consegue de forma simples tocar nas várias “feridas” da temática em causa:



  • Desde logo, no essencial que é discutir-se da legitimidade ética e moral de negócios privados (legítimos, sem dúvida), servirem-se da muleta dos dinheiros públicos para subsistirem.

  • Daqui, facilmente se passa ao degrau seguinte da “discussão”, o qual consiste no papel das escolas pública e privada, numa sociedade que pretenda garantir a igualdade de oportunidades a todos os seus cidadãos. Questão ideológica? Claro que sim. E muito mais “fracturante” do que muitas outras que assim costumam ser catalogadas.

  • A posição que Cavaco Silva, actual PR e candidato a 2º mandato tornou (via Facebook, que moderno que o homem está!!!) exige explicação adicional que ainda não vi qualquer jornalista questionar…


  • Por fim, a Daniel Oliveira, não passou despercebido o que parece ser o nascimento de uma nova agremiação política… poder-se-ia chamar à coisa, Bloco do Centro Democrático, Comunista e Social! E Portas depois de se ter visto ultrapassado pela direita por um Passos Coelho, flamejante em todo o seu neoliberalismo, vê agora Jerónimo e Louçã a mandarem às malvas os belos princípios da defesa da escola pública que tanto gostam de apregoar quando os julgam tacticamente úteis! 
 


Sem dispensar a leitura integral, fica um resumo deste: «Se o Estado garante não paga ao privado»:

«O governo não quer financiar automaticamente os colégios. Faz bem. Onde o Estado oferece gratuitamente não se gasta dinheiro com privados. Cavaco opõe-se. Compreende-se. Que Bloco e PCP se juntem ao CDS nesta guerra é que espanta.» (por Daniel Oliveira, em Expresso).




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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

CAVACO, O “VINGATIVO” SURPREENDIDO…

…E Fernando Lima já vai a caminho de Washington!




«Cavaco Silva destacado pelo "seu esforços em ser um mandatário bipartidário" mas a quem a embaixada [dos EUA em Lisboa] atribui "sérias vinganças políticas pelo simples facto de não ter sido convidado à Sala Oval na Casa Branca".» (em Diário Económico, a propósito de 5 telegramas divulgados pelo Wikileaks e pelo El País, onde a diplomacia americana se pronuncia sobre os líderes políticos portugueses).
Clique sobre a imagem, para ver a completa surpresa 
de Cavaco Silva
Cavaco reagiu de imediato a estes textos e segundo o Correio da Manhã, terá dito que «"Há uma coisa que me surpreende: como é que um país como os Estados  Unidos tem um sistema de segurança que afinal é tão frágil, que permite  que os telegramas confidenciais, secretos, reservados, enviados pelos embaixadores que têm em todas as partes do mundo se tornem acessíveis desta forma, para  mim essa é a grande surpresa", afirmou Cavaco Silva, a propósito da divulgação  de correspondência da diplomacia norte-americana.»


Ao que parece, Cavaco terá já telefonado para Obama, oferecendo-se para auxiliar os EUA a minorarem as suas fragilidades neste campo. E segundo fontes de Belém, o xadrezismo sabe que Cavaco foi muito assertivo no diálogo com o presidente americano:

«Barack, meu! Estive para te mandar um e-mail, mas achei melhor telefonar-te, porque os vossos computadores são tão frágeis… Bom, podes contar comigo para debelares essas fragilidades que o teu país evidencia em controlar estas fugas de informação! Essa coisa do “Ui que Licas”, confesso que não sei bem como funciona, mas tenho cá um especialista em escutas e relacionamento com os jornalistas, que te poderia ser muito útil. Chama-se… Fernando Lima e está a o teu dispor, logo que pretendas! Eu por cá também tinha umas dúvidas quanto à confidencialidade do meu correio electrónico, mas como vês não há “Ui que Licas” nenhum que o divulgue! Um abraço e manda sempre! A propósito, não podiam arranjar uma coisa com um nome menos… ah… abichanado do que “Ui que Licas”? Até parece que isso saiu de um brainstoirming bloquista… Safa!!!»



Consta ainda que, após ter conhecimento do teor do referido mail que dá de Cavaco a imagem de um vingativo temível, ninguém consegue convencer o presidente de que as medidas de segurança de que Obama se rodeou na sua recente deslocação à cimeira da NATO em Lisboa, se deveram exclusivamente a prevenir algum acto terrorista por si praticado. Garantem-me que Cavaco foi ouvido a dialogar com a Dona Maria – enquanto deglutia duas belas fatias bolo rei, à hora do chá – mais ou menos nestes termos:

«Prontos, Maria! Bem sei que às vezes tenho um feitio marafado, mas que diabo, achas que era caso para o tipo trazer dois aviões!? Eh pá, será que não lhe explicaram que o meu ar bronzeado não me transforma num membro da Al-Qaeda e que a minha “mouraria” não vai além da Algarvia Boliqueime!?»



ESTE BLOGUE TRANSFERIU-SE PARA AQUI


Este blogue ocupará a partir de hoje, esta nova casa.

Após 2 anos aqui, é tempo de melhorar as funcionalidades e apostar pois num alojamento bem mais evoluído tecnologicamente, que por isso permite um enorme manancial de potencialidades, com um menor esforço de edição.

Esperando continuar a receber aqui, os visitantes que ao longo de 2 anos foram honrando o xadrezismo com a sua presença mais ou menos regular.

E com a caixa de comentários aberta e ao dispor de todos - quer concordem ou discordem do que por aqui se for dizendo - os que saibam contribuir de forma elevada para a troca de ideias que sempre se pretenderá estimular.

Este nunca será um espaço "descomprometido" - muito menos "apolítico" -, antes será assumidamente um espaço onde se defenderão os valores da verdadeira social-democracia, ou seja de um socialismo democrático como é entendido em toda a Europa. 

Toda a Europa? Quase... a excepção é  Portugal, onde alguns neo-liberais se tentam esconder atrás de designações de pretensa esquerda e por baixo de umas setinhas estrategicamente colocadas a apontar para o céu, a fazer lembrar o chavão "Oh patego, olh'ó balão!" 







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